Ferramentas de AI? Sim! Promessas malucas e ansiedade? Não, obrigada.
Apps como o Lovable estendem nossas possibilidades de entrega e podem redesenhar relações de trabalho, estruturas e times. Feedbacks com bons feedbacks e o lado perigoso do ChatGPT
Hello, humans! Tudo bem por aí? Esses dias, andei pensando em fedbacks que, segundo meus ouvintes, foram úteis. Deu vontade de compartilhar aqui, até porque, escrever é uma forma de eu não esquecer dos meus próprios conselhos. Antes, porém, quero comentar sobre algumas ferramentas de IA com as quais cruzei essa semana.
Semana passada by NotebookLM:
“Web Summit Rio 2025: AI abre um espacinho pra gente discutir temas mais românticos”
Já falei sobre o profissional generalista numa edição anterior da No-Loop, certo?
Vejo muita gente celebrando a capacidade que a inteligência artificial tem de aumentar nossa produtividade, de acelerar o desenrolar das nossas capacidades. No entanto, pra mim, o mais encantador e atraente dessa tecnologia é a promessa de versatilidade.
Do ponto de vista corporativo, é natural que o foco seja no primeiro tipo de impacto. É um cenário mais fácil de imaginar, porque você pega o novo e aplica num contexto conhecido: “em vez de fazer as coisas assim; a gente vai passar a fazer as coisas assim, porém mais rapidamente” (ou simplesmente vai parar de fazer e entregar para um agente, mas isso é outra história) Legítimo, um passo de cada vez. Só que, se você troca de lado e assume o ângulo do profissional, as mudanças sugerem um lugar muito mais disruptivo e, até, divertido.
Se tem uma coisa que eu achei que nunca fosse conseguir fazer sozinha é um site. Quer dizer, não digamos “nunca". Tutoriais do YouTube, amigos geeks e o sofrimento estão por aí há tempos pra garantir que, se você quiser muito, consegue. Só que agora existe também um negócio chamado Lovable, onde, em cinco minutos, eu criei um site e depois uma landing page 100% capazes de atender minhas necessidades. Sem absolutamente nada de programação, só papo.
O primeiro teste foi tipo "garbage in, garbage out", pra sentir o terreno. Verdade verdadeira, eu não estou precisando de nenhum site no momento, então criei um pra minha irmã mais nova usar como catálogo das gostosuras que ela vende. Não chegamos a publicar ainda, porque decidimos produzir imagens mais apetitosas, mas serviu para me incentivar a contar sobre a ferramenta aqui.
Voltei ao Lovable, então, para criar uma landing page com tudo que resolvi vender do apartamento - na vida real, comuniquei a poucas pessoas próximas com um ppt feioso, enviado e depois atualizado via zap. Não estava a fim de recorrer a um Enjoei ou ao Mercado Livre, onde acabaria tendo que lidar com muito mais gente e desconhecidos. Enfim, o pretexto servia ao exercício.
Um pouco mais escolada, eu comecei o prompt com um rápido contexto, fiz o upload das fotos, colei as informações dos eletrodomésticos e móveis (estado, valor) e dei alguma direção estética. Ele é bem espertinho para fazer ajustes posteriores, então não precisa ter medo de começar. Testei na versão gratuita e mesmo assim consegui publicar. As pagas estão entre 25 e 30 dólares.
Não vou postar o endereço aqui porque isso tudo aí em cima já é passado e não quero correr o risco de esse link se espalhar. Mas dá para ter uma idéia abaixo:
Apesar de entregar decentemente com comandos básicos, o Lovable ainda apresenta outras possibilidades. Clicando em Edit, você acessa as integrações com o GitHub e o Supabase. Em Knowledge, dá para estabelecer regras e instruções, além de incluir style guides. Nesse vídeo aqui, por exemplo, o Mestre do Lovable ensina a usar esse espaço para evitar que o usuário consuma créditos desnecessariamente ao pedir a correção de um erro específico. O prompt que ele sugere incluir é o seguinte: “Não realizar alterações em qualquer interface de usuário, funcionalidade ou fluxo de trabalho já existente, a menos que esteja diretamente relacionado ao problema que eu descrevi na tarefa. Garanta que as funcionalidades atuais permaneçam intactas e funcionando como estão".
Há várias outras integrações, pra email, automação, pagamento; e também a possibilidade de gerenciar domínios.
Eu virei uma desenvolvedora web senior e nunca mais precisarei de ninguém para construir e manter sites? Claro que não, mas olha quantos caminhos, quantas possibilidades. O impacto dessa tecnologia na reimaginação do que a gente faz é impressionante. Ela redefine entregas e pode redesenhar relações de trabalho, estruturas e times.
Agora, tem algumas coisas que ainda precisam ser processadas numa ferramenta arcaica chamada cérebro. Para que você quer o site, LP, app ou protótipo? Como avaliar se o que está sendo criado responde a essa necessidade e objetivo? Essa é a melhor forma de dispor as informações? As imagens e demais elementos gráficos colaboram para uma experiência agradável e eficiente?
Por isso, essa news se chama No-loop, queridos humanos.
Seguindo em frente, sabemos que o Lovable é só uma entre milhares de aplicações com AI que já ganharam o mundo - número que aliás cresce todo santo dia.
Pra ajudar a gente a navegar essa abundância, surgiram algumas ferramentas pra achar ferramentas. A "There's an AI for that” eu conheço há tempos, mas nunca fui muito com a cara dela. Não vejo vantagem em propagandear que o catálogo tem quase 37 mil ferramentas. Serve mais à ansiedade do que a mim. Quero organização, intenção e, principalmente, curadoria (como Paulo Aguiar fez nessa live com as dedicadas à geração de vídeo).
Recentemente, fui apresentada a outras duas, que podemos testar juntos a partir de agora. São elas a Future Tools e a GPT Hunter. Obrigada pessoal da Comunidade Disruptivos!
Da experiência profissional
Acharam que mais uma vez eu ia prometer um segundo assunto lá em cima, me estender demais no primeiro e encerrar a edição sem cumprir o prometido? Not today (yup, menção ao BTS já que essa semana quatro membros completam seu serviço militar obrigatório).
Vocês tem um ranking dos melhores feedbacks que já deram? Eu também não. Mas tem dois que vira-e-mexe voltam à minha cabeça. Coisas que falei na dinâmica natural de reuniões e por algum motivo foram registrados com carinho e admiração pelos ouvintes.
O desafio da velocidade
Tínhamos entrado numa concorrência sem time disponível ou prazo e chamamos uma frila pra ajudar com a criação. Não conseguimos dar a ela tempo suficiente entre o briefing e a primeira entrega, dizendo que preferíamos ver os caminhos ainda em desenvolvimento - pra ajudar na formatação, descartar o que estivesse muito distante do desejado e acelerar copy e peças derivadas.
A menina ainda nem tinha acabado de apresentar direito quando a gerente que estava comigo na sala começou a comentar o conteúdo riscado no quadro branco. Descartou mais coisa do que eu descartaria, especialmente naquela fase de um processo anormal.
E então me ocorreu que, em planejamento e criação, ver o que não está redondo é muito fácil, ainda mais naquele cenário (e muita gente marca presença e até faz fama de engajado dessa forma). Difícil e valioso é identificar o que pode vir a ser: vislumbrar conexões que enriquecem, imaginar desdobramentos ainda escondidos. Tem coisa que vai ser descartada, claro, mas a velocidade, a vaidade (não era o caso aqui!), a falta de imaginação, de colaboração e criatividade podem derrubar precocemente belas e promissoras promessas.
Meio de campo
Eu estava às voltas com uma lista enorme de ajustes num site, todas relacionadas a SEO: páginas novas, estudo de palavras-chave, revisão de formatos, ajustes nas meta descriptions, inserção de alt text e por aí vai. Algumas dependiam de conteúdo, outras eram puramente técnicas, estavam nas mãos do desenvolvedor.
Pedi que ele registrasse por email, para todos os envolvidos, sempre que concluísse um pacote relevante de mudanças, destacando o impacto na performance. O primeiro veio apenas por Whatsapp e só pra mim. Insisti.
Gerenciar fornecedor é tricky. Pode tomar um tempo enorme. Mas meu ponto aqui nem é esse. Se você não cuidar, acaba como advogado de defesa, porque os stakeholders só lembram do cara quando algo dá errado - ainda mais se o tema for técnico, do domínio ou interesse de poucos. Então, celebre e registre os avanços, explicando direitinho o que eles significam. Deve ajudar.
Depois do fim
Ficou confuso com a menção ao BTS? Então você não trabalhou comigo da pandemia pra cá. Já recomendei muito que comunicadores e marketeiros olhassem para o grupo. Não tem a ver com música, necessariamente, mas com storytelling, redes sociais, cultura, tendência, disrupção.
Pra terminar, queria contar uma passagem rápida. Meu sobrinho é fã do ChatGPT e está considerando dividir uma assinatura paga com o irmão, porque viu seus dois estagiários fazerem isso. Ao mesmo tempo em que elogia a capacidade da ferramenta, diz:
“Eu percebo que ele está deixando as pessoas mais burras. Elas delegam tudo para a inteligência artificial e depois tem dificuldade com processos de aprendizado e problem solving. Não se desafiam.”
Isso é um cara de 25 anos falando de dois de 20. Essa é a velocidade em que a gente vive atualmente. A adesão e a transformação são inexoráveis, mas procurem oportunidades de desaceleração, aprofundamento e conexão de vez em quando.
Por hoje é só, pessoal. Semana que vem tem mais! Divulguem a No-Loop para os amiguinhos. Bjs.
Adorei esse compartilhamento de experiência. Mas, tipo, quer dizer que seus dias de paulistana estão contados?